Foto: http://www.oficinaeditores.com.br/
GLENDA MAIER
( Brasil – Rio de Janeiro )
Formada em Sociologia pela California State University Hayward, exerce a profissão de professora particular de inglês, no bairro de Jacarepaguá, há mais de vinte anos. Continua dando aulas de inglês e é também poeta e cronista, com dez livros publicados.
Cronista do jornal Jacarepaguá em Destaque e associada da APPERJ - Associação Profissional de Poetas no Estado do Rio de Janeiro.
OFICINA – cadernos de poesia 29. Rio de Janeiro: OFICINA Editores, 2001. 108 p. 23 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda
CRÔNICA — POÉTCA ou POETÔNICA
Se entendesse de futebol uma crônica poética
ou uma poetônica:
— os grupos, como se fossem times
— os poetas, como se jogadores
— o campo, algo assim como uma rede
intermund/nacio/internacional de intrigas
— a bola, a poesia em si: sempre levando chutes, às vezes voando alto,
sendo alvo de times e jogadores... nos cantos, nos bares, nos meios,
nas laterais. Assim como a bola, às veze preterida diante da fama
do pé que chuta ou do fanatismo da camisa em campo.
O que a poesia não tem é público de futebol.
Por isso nosso campo sé de intriga!
O que a bola poética não consegue, é aceitar o ser chutada a gol.
A poesia é pássaro e nuvem, tempestade e seca,
alguns aplausos
e muita solidão.
Os jogadores se pretendem ídolos
e a idolatria esbarra no linguajar dos tempos,
único capaz de justificar a técnica, a estratégia e a tática
de um jogar poético.
As camisas aquecem o peito dos jogadores.
Lutar pelo calor é bom; mantê-lo ardente ainda melhor,
mas... no peito do poeta bate um coração que é livre,
e, por ser livre, evita o detonar-se em redes...
nosso gol acontece na inspiração que é pura.
O público? Aplaudirá os ídolos.
Os times garantirão fanáticos. Os fanáticos desentenderão tudo...
Mas a poesia transcenderá intrigas e o ser humano será sempre público
deste jogar a bola... na rede da vida... num explodir em rimas.
*
PRISMA – A revista de literatura n. 001 abril 2014. Porto Velho, Rondônia: Editora Costelas Felinas, 2015. Organização: Selmo Vasconcellos. 24 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
Parto
Poesia sem assunto
sem vivacidade sem inspiração
Poesia que nasce forçada
parto induzido por inclementes fórceps
Poesia pobre
mendigando rimas, palavras, amores
Falta assunto ao poeta
que inspirado na vida, não tem mais o que dizer
Abortam ideias na mente do poeta
que se recusa a escrever por indução
Foi-se a riqueza do poeta
desperdiçados sonhos, intangíveis quimeras.
E o poeta insiste em escrever um verso
Busca na insípida poesia um pouco de alegria
e um olhar mais puro
capaz de enxergar, na aridez da vida,
uma porta, uma brecha, uma saída
salvador cesariana da emoção
[do livro POEMAS DE GLENDA MAIER, Oficina Editores, Rio de Janeiro, RJ, 2011]
OFICINA 26 – ANO 13 - Editor: Sérgio Gerônimo. Rio de Janeiro – RJ: Cadernos de Poesia, 1998.
Ex. doado pelo livreiro BRITO – Brasília -DF.
TEMPESTADE
Uma rajada de vento
forte, fria, cortante.
Nuvens negras, agitadas,
ofuscando o sol, a lua, as estrelas.
Meu corpo encharcado, trêmulo,
chora junto a própria dor de Deus.
Punhal de luz, raio divino,
cai em meu peito, estonteante dor.
A terra trema ao som do estrondo.
É inumano, trágico, este meu grito.
Raízes arrancadas do chão...
Destroços do que foi um lar...
O jardim afogado nesta tormenta.
Alegria indo embora na enxurrada.
Soterrada, a esperança grita, em vão, por socorro.
Foi assim naquele dia.
É assim naquele dia.
É assim agora.
Será sempre assim.
Escuridão.
Violência.
Frio.
Desabrigo.
Nada.
*
Página ampliada e republicada em outubro de 2023.
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PÁGINA AMPLIADA e republicada em abril de 2023
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Página publicada em novembro de 2022
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